Sunday, November 28, 2010

APPLETON . PEDRO CABRITA REIS . LISBOA



APPLETON SQUARE . LISBOA

Pedro Cabrita Reis | Unveiled Revealed
Novembro, 18 - Dezembro, 23, 2010



WWW.APPLETONSQUARE.PT
RUA ACÁCIO PAIVA Nº27
GERAL@APPLETONSQUARE.PT
TEL.: +351 210 993 660


TEXTO OFICIAL DA APPLETON SQUARE DA MOSTRA UNVEILED REVEALED

Uma das características mais acutilantes do trabalho de Pedro Cabrita Reis é a sua versatilidade, especialmente quando acompanhada por uma intensa capacidade subversiva e de surpresa. Se por um lado, tem a habilidade de construir exposições exemplares em alguns dos melhores museus como a que agora é apresentada no Musée Carré d’Art em Nîmes, consegue também relacionar-se de forma rigorosa e inteligente com espaços não institucionais, como foi exemplo recente a sua intervenção nos contentores em Alcântara, a exposição que ocupou simultaneamente a Galeria Miguel Nabinho e Caroline Pagés, ou a mostra que agora transforma a galeria Appleton Square.

O espaço da Appleton Square tem como característica o ser um autêntico cubo branco, trazendo consigo questões (ideológicas e conceptuais) relacionadas com a forma como se expõe - como se revela - arte. A intervenção de Cabrita Reis situa-se num jogo entre o desconstruir o cubo branco, a pressuposta neutralidade de um espaço expositivo, e uma visão ontológica sobre a própria obra de arte. Jogo esse que tem o seu primeiro lance no título da exposição: Unveiled Revealed.

O destruir do cubo branco é literal. As paredes em “placoplâtre” que estruturam o espaço e que enquadram as obras desaparecem, revelando a estrutura que suporta o próprio espaço. Aí, um conjunto de luzes fluorescentes (um dos materiais característico do trabalho deste artista) e de objectos provenientes do seu atelier e casa despontam, criando uma escultura que abarca todo o espaço. Os tubos fluorescentes não só integram a obra como a iluminam (é a arte que ilumina o espaço expositivo e não o contrário). Os objectos vão desde uma colecção de tijolos (igualmente icónicos neste artista) como faianças diversas, vidros, máquinas.

Há inúmeras leituras possíveis nesta obra. Ela constitui-se claramente como uma continuação dos trabalhos de cariz auto-biográfico de Cabrita Reis que se relacionam com um revelar e desmistificar da figura do artista. Contudo, nunca o chegamos a encontrar ou conhecer. Quase como se, também esta exposição, fosse uma encenação. Outra leitura relaciona-se como uma crítica institucional à forma como se mostra arte, e como nos confrontamos com objectos artísticos. A defendida neutralidade do espaço expositivo é falsa. Nenhum espaço é neutro: existem sempre estruturas (mais uma vez conceptuais e ideológicas) que o sustentam. O mostrar dessa estrutura passa, por exemplo, por um tornar pública a área privada da galeria.

Pedro Cabrita Reis expõe regularmente desde o início da década de 80. Participou em importantes exposições internacionais, tais como na Documenta IX em Kassel, em 1992, nas 21ª e 24ª Bienais de São Paulo, respectivamente em 1994 e 1998, e no Aperto na Bienal de Veneza de 1995. Em 2003, representou Portugal na Bienal de Veneza. Desde então o seu trabalho tem sido exibido em exposições organizadas por diversos museus e centros de arte, onde destacam-se: “Contra a Claridade” no CAMJAP, Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, “Da Luz e do Espaço” em Serralves, Museu de Arte Contemporânea, 1999, “Über Licht und Raum” no Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwing Wien, 1999, “The Silence Within” no Magasin 3 Stockholm Konsthall, 2001, “A Place Like That” no BALTIC Centre for Contemporary Art, Gateshead, 2002, “Sometimes one can see the clouds passing by” na Kunsthalle Bern, 2004, “Stillness” no Camden Arts Centre em Londres, 2004, “True Gardens #3 (Dijon)” no FRAC Bourgogne em Dijon, 2005, “Pedro Cabrita Reis” no Museo d'Arte Contemporanea Roma, 2006, “Fundação” no CAMJAP, Fundação Calouste Gulbenkian, 2006, “La ciudad de adentro” na OPA em Guadalajara, 2007, “True Gardens #6” na Kunsthaus Graz, 2008, “Pedro Cabrita Reis” na Fondazione Merz em Turim, 2008, “La Línea del Volcán” no Museo Tamayo na Cidade de México, 2009, “Xe Biennale de Lyon - The Spectacle of the Everyday” em Lyon, 2009, “Deposição” na Pinacoteca de São Paulo, 2010. Em itinerância está ainda a exposição “One after another, a few silent steps”, uma grande retrospectiva do seu trabalho que depois de encerrar no Hamburger Kunsthalle dirigiu-se para o Musée Carré d’Art em Nîmes, de seguida irá para o Museu M - Museum Leuven, acabando a sua itinerância no Museu Colecção Berardo em Lisboa (já em 2011).











A publicação deste post, e também de outras postagens sobre a arte contemporânea no cenário de Lisboa, é parte das atividades de Nicholas Petrus no registro e divulgação da arte contemporânea de Portugal para o projeto Panorama Brasil em Movimento.

No comments: